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Equipas fiscais digitais – tenho um robot na equipa

Há cerca de 15 ou 20 anos atrás, quando comecei a trabalhar, a função fiscal era essencialmente desenvolvida por técnicos, “especialistas dentro de uma especialidade” como referia de forma brilhante um dos meus professores – e profundamente conhecedor de legislação fiscal. Começámos na altura a ter as primeiras equipas multidisciplinares constituídas por juristas e gestores, e foi na altura, inovador.

Entretanto o mundo tem vindo a mudar. A uma velocidade exponencial.

Face à complexidade da legislação e à quantidade da informação, os especialistas fiscais especializaram-se ainda mais, e a existência de equipas multidisciplinares tornou-se a nova normalidade.

Ainda me recordo de começar a trabalhar em fiscalidade e de num projeto onde havia algumas (poucas) mulheres na equipa, tal ser visto como uma novidade, por alguns até como uma ameaça. Felizmente foram outros tempos.

Recordo-me da novidade de ter dentro das equipas colegas de outros países, a falar outras línguas, com cores de pele diferentes, hábitos, roupas, praticas religiosas diferentes. E mais uma vez eram vistos com curiosidade, com condescendência…por vezes como uma ameaça, também.

A verdade é que toda esta diversidade trouxe muito valor a esta profissão e contribuiu significativamente para o negócio da consultoria fiscal e para aportar valor aos nossos clientes e às suas funções fiscais internas. E, por isso mesmo, toda esta variedade de pessoas conhecimentos e experiências passou a estar integrada de forma harmoniosa em equipas que fazem hoje parte do dia-a-dia de qualquer multinacional.

É interessante, hoje, observar equipas e clientes a encarar o uso de tecnologia com a mesma curiosidade, ceticismo… ou receio. Poucos verbalizam, mas é fácil ler nos olhos de muitos que a tecnologia se apresenta como uma ameaça, em vertentes tão variadas desde a alteração de hábitos, a substituição de pessoas por máquinas, o fim de algumas profissões, a perda de postos de trabalho.

Coloco eu a questão de outro modo:

- E se olharmos para a tecnologia como forma de potenciar as capacidades humanas no nosso trabalho?

Uma equipa diversificada inclui pessoas e tecnologia

Face à velocidade com que a mudança acontece no mundo dos negócios e no enquadramento fiscal e legal que lhe está associado, torna-se humanamente impossível tratar quantidades massivas de dados e fazer uma análise crítica dos mesmos. Transformar-nos-íamos em máquinas de trabalhar!

Assim, o desafio da função fiscal passa por integrar tecnologia que lhe permita estar preparada e capitalizar essas mudanças.

Hoje as nossas equipas são ricas em diversidade e está no nosso ADN integrar e gerar valor do facto de termos pessoas com diferentes experiências, formação académica, diferentes sexos, raças, religiões.

Estamos a recrutar para as nossas equipas na área de fiscal, além de fiscalistas, pessoas que são especialistas em processos e no uso de tecnologias.

Torna-se usual ter numa equipa uma colega que “faz robots” ou ter um computador que fica a processar dados durante a noite e que na equipa já tem nome – é o “Dimitri”. São os “novos colegas estrangeiros” que depois de olhados com desconfiança já passaram a fazer parte da equipa.

E isto é só o começo de algo muito maior!

Os nossos profissionais na área da fiscalidade estão cada vez mais conscientes da necessidade de falar a mesma linguagem que os colegas de IT, para saber pedir o que precisam e outros saberem reconhecer a que necessidades deverão responder. Daí a nossa aposta na formação ser essencial em todo este processo.

Acreditamos que, à medida que os avanços tecnológicos começam a fazer parte do nosso ambiente de trabalho, novas oportunidades são criadas, dando espaço à inovação e mudança, tudo isto num ambiente inclusivo onde pessoas e tecnologia podem trabalhar em conjunto numa estreita harmonia.

A função fiscal numa empresa já não se pode limitar à interpretação da legislação fiscal, como há duas décadas atrás. O seu objetivo está sobretudo em ter pessoas e processos e tecnologia para tratar de forma eficaz a informação do ambiente atual dos negócios e aportar valor e, acima de tudo, otimizar processos.

Contudo, não é um caminho sem dificuldades, mas acreditamos que o custo de não fazer nada é superior ao de correr riscos.

Dificuldades da função fiscal em acompanhar os avanços tecnológicos

A EY conduziu um estudo (“Re-imagining the tax function” (1)) entre executivos seniores de grandes empresas na Índia, entre mais de 15 setores de atividade distintos, incluindo entidades públicas e privadas, subsidiárias de multinacionais estrangeiras e empresas indianas com subsidiárias no estrangeiro. O resultado deste estudo demonstra a dificuldade da função fiscal nessas empresas em conseguir acompanhar os avanços tecnológicos e aproveitar os mesmos para conseguir maior transparência e cumprir com as obrigações fiscais.

A EY conduziu também um estudo, em conjunto com a Euromoney, Institutional Investor Thought Leadership (“Global survey”(1)), publicado em maio de 2018, onde mais de 1700 participantes, dos quais 63% pertencem ao ranking da Forbes – “Forbes Global 500 largest public companies”.

Da análise conjugada destes dois estudos surgiram alguns resultados muitos interessantes. Conclui-se, entre outros aspetos, que as organizações reconhecem a necessidade de inovar na função fiscal de modo a gerir a mudança e a criar valor. No entanto, muitos sentem a dificuldade em encontrar a melhor solução.

As empresas precisam identificar e agir sobre as mudanças necessárias, para se adaptarem aos desafios que lhes surgem e re-imaginarem de forma continua a sua função fiscal.

Por exemplo, no que respeita ao perfil dos profissionais a trabalhar nesta área, de acordo com o estudo “Re-imaniging the tax function”, 90% dos inquiridos considera que as competências dos profissionais vai mudar rapidamente nos próximos 3 anos para integrar pessoas com maior conhecimento da área dos processos e no uso de tecnologias. Cerca de 98% dos inquiridos do “Global Survey” consideram o mesmo.

Conclui-se que para lidar com a transformação, as organizações precisam de ter vários recursos dedicados, que procurem soluções diferenciadoras, que possam gerir estes processos e alavancar a

tecnologia para melhorar a consistência e a qualidade da informação produzida, bem como a eficiência nos processos.

Em Portugal a realidade não será assim tão diferente. As empresas cada vez mais têm investimentos em tecnologia, afetando as mais diversas áreas numa organização.

Hoje em dia qualquer empresa de média dimensão dispõe de diversas aplicações informáticas, num esforço significativo para transformar números em informação com significado. Na área fiscal, parte dessa informação é utilizada ao serviço do cumprimento de obrigações fiscais variadas.

As empresas que começam a liderar estes processos investem internamente em novas plataformas digitais e em contratar ou formar especialistas nestas áreas, ou optam por fazer o “outsorcing” total ou parcial junto de parceiros estratégicos, que já tenham efetuado investimentos significativos nas suas plataformas digitais e/ou na contratação de colaboradores com os conhecimentos e as competências necessárias.

A EY como parceiro – “tax technology & transformation” (2)

Na EY, uma parte significativa do nosso trabalho passa por identificar tarefas dentro dos processos de Compliance Fiscal que possam ser automatizadas e que possam beneficiar do uso de novas tecnologias como RPA (“robotics process automation”) para gerir de forma eficiente o cumprimento das obrigações fiscais.

As empresas podem aspirar a melhorar a qualidade dos dados e das análises dos mesmos, através de processos de automação de diversas fontes de informação e de diversos sistemas informáticos, para cumprir com os requisitos fiscais. O uso da tecnologia para tratar dados que possam ser analisados de forma crítica pode ser um fator decisivo para transformar a função fiscal numa função criadora de valor para o negócio.

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 A Tecnologia está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e pode mudar a forma como trabalhamos. Ainda assim, a tecnologia por si só não será a solução. O novo normal um destes dias será dizer – temos um robot na equipa.

 

 

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